A floresta estava imersa na escuridão. Apenas a luz da lua, sangrenta e distante, iluminava o caminho do caçador, enquanto ele cavalgava com precisão. A noite era sua aliada, e a escuridão, seu refúgio. A brisa fria cortava a pele, mas o caçador nada sentia. Seus olhos dourados estavam fixos no horizonte, onde um destino sombrio o aguardava.
O som das folhas secas se quebrando sob os cascos do cavalo ecoava, mas era abafado pela tensão no ar. Ele não tinha medo – a solidão e o silêncio eram velhos companheiros de viagem. Mas a cada passo, uma sensação de incerteza crescia dentro de si. Algo estava por vir. Algo grande.
Ele olhou para o céu, onde a lua vermelha lançava sua luz macabra. Aquela lua não era normal, não mais. Ela refletia o tormento das terras que ele havia deixado para trás, o reino que um dia chamara de lar, e as memórias de uma época distante, quando a paz ainda reinava em Dumora.
O caçador não gostava de pensar no passado. A dor ainda era recente. Mas ele sabia que não havia mais como escapar. Seu nome era conhecido entre os monstros, e sua espada, implacável. Mas o que ele mais temia não era a morte ou a luta. Era a falha. O medo de não conseguir salvar o que restava.
Ele sentiu a presença de algo à frente. Um movimento nas sombras. Os sentidos do caçador estavam sempre aguçados, e ele não se enganava. Quando o cavalo relinchou, ele sabia que não estava sozinho. Algo se aproximava.
De repente, uma criatura se lançou contra ele da escuridão. Uma besta com garras afiadas e olhos vermelhos como fogo. O caçador reagiu rapidamente, sacando sua espada, uma lâmina de prata que parecia brilhar mesmo nas trevas. Com um golpe preciso, ele cortou o monstro ao meio, derramando sangue negro no solo.
Ele não parou para observar a queda da criatura. Não havia tempo. O caçador sabia que mais viriam. Sempre viriam.
Com a espada suja de sangue, ele subiu novamente em seu cavalo e seguiu em frente. Seus olhos estavam focados no caminho, mas sua mente estava distante. Ele sabia que sua jornada ainda estava apenas começando. Seu verdadeiro destino estava em algum lugar adiante, no coração de terras desconhecidas, onde uma magia sombria ameaçava tudo o que restava.
No horizonte, as luzes de uma aldeia surgiram. O caçador sabia que ali ele encontraria informações sobre o que estava acontecendo nas terras ao redor. Ele parou diante do vilarejo, observando as casas modestas e o movimento escasso nas ruas. As pessoas pareciam temerosas, como se estivessem esperando algo – ou alguém.
Ele desceu de seu cavalo e caminhou em direção à taverna local. O aroma de carne assada e de uma bebida forte se espalhava pelo ar, mas ele não se deixou distrair. A missão estava clara: ele precisava de respostas. O que estava acontecendo com o reino? O que havia causado tanta destruição? E, mais importante, quem estava por trás disso?
Ao entrar na taverna, o som das conversas cessou por um momento. O caçador olhou ao redor, seus olhos dourados escaneando a sala. As pessoas o reconheciam, mas não ousavam falar. Ele não era apenas um homem, mas uma lenda. O caçador que destruía monstros, mas que também caçava os próprios demônios dentro de si.
Ele se aproximou do balcão e fez um sinal ao taverneiro, um homem grande, com uma barba espessa e olhar desconfiado.
"Procuro informações sobre o que está acontecendo nas redondezas. Há rumores de uma magia que se espalha, corrompendo tudo ao seu redor."
O taverneiro hesitou, olhando para os outros presentes na taverna, como se se certificasse de que ninguém estava ouvindo. Finalmente, ele se inclinou para frente e falou baixo.
"Você não está seguro aqui. O que está acontecendo não é normal. Magia sombria tomou conta de muitos lugares... mas não é só isso. Há algo mais. Algo muito mais perigoso. E as pessoas estão morrendo, caindo sem explicação."
O caçador franziu o cenho. "E quem está fazendo isso?"
O taverneiro olhou para ele, com os olhos quase desesperados. "Não sabemos. Mas há rumores de que... não é apenas magia. São forças que estão além do nosso controle. E eles se aproximam."
"E o que você quer que eu faça?" O caçador perguntou, seus olhos duros como pedra.
"Você é o Caçador. Talvez seja a única esperança que nos resta."
Com um suspiro, o caçador se levantou e pagou pela bebida. Ele sabia que sua jornada não seria fácil. O reino, Dumora, e tudo o que ele conhecia estava em perigo, e agora ele tinha um novo objetivo: descobrir a origem dessa magia sombria e enfrentar o que quer que estivesse por trás disso. Mas não seria uma tarefa simples. A batalha seria longa, e as forças que ele enfrentaria eram maiores do que qualquer monstro que já caçara.
Enquanto saía da taverna, a lua vermelha ainda pairava no céu, como um lembrete do destino que o aguardava. Ele não sabia ainda, mas o que estava por vir mudaria tudo. A jornada estava apenas começando.