O templo surgia em meio à névoa da manhã como uma lembrança esquecida do mundo antigo. Colunas quebradas, vitrais despedaçados, raízes atravessando o mármore — como se a natureza tivesse vencido a arquitetura.
Rajime deu um passo à frente.
— Sinta a energia mágica. Está... pulsando.
— Eu só sinto um frio na espinha. — Mina apertou a capa em volta dos ombros. — Isso aqui não tem cara de lugar santo.
— Porque não é. — respondeu ele. — Esse templo foi selado pelos Deuses do Sul. Dizem que guardava algo... que nem eles sabiam controlar.
Mina engoliu em seco.
— E a gente vai entrar lá por quê, mesmo?
— Porque eu quero ver.
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Interior do templo.
Cada sala era um desafio. Armadilhas mágicas escondidas, ilusões nos corredores, campos de força tentando aprisioná-los. Mina quase caiu num piso falso, mas Rajime ativou uma onda gravitacional sob ela, fazendo-a flutuar como uma pena até o chão.
— Você tá me acostumando mal com esse negócio de voar.
— Se depender só das suas pernas, não chegaríamos nem até a porta.
— Ei! Isso foi ofensivo.
— Mas real.
Eles chegaram até o salão central. No altar, flutuava um artefato coberto por correntes de luz roxa. Uma adaga negra, com um núcleo pulsante como um coração.
— Isso… não parece certo. — Mina disse.
Rajime se aproximou.
— É uma Adaga do Vazio. Uma arma ancestral. Capaz de cortar magia, tempo e espaço.
— E você quer isso… por quê?
Ele estendeu a mão.
— Porque eu posso usá-la.
Assim que tocou o cabo, as correntes se desfizeram — e uma explosão de energia percorreu o salão. O chão tremeu. Uma criatura emergiu da escuridão: enorme, com olhos sem pupilas, pele feita de pedra e fumaça. Uma Besta Guardiã.
— Rajime... isso era parte do plano?! — gritou Mina.
— Agora é.
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Combate épico.
A criatura rugiu, disparando lanças de sombra. Rajime ergueu a mão. Um campo gravitacional colapsou o ataque no ar. Com um estalo de dedos, dezenas de espadas feitas de pura densidade surgiram ao redor dele.
Ele flutuou — os olhos frios, brilhando com energia púrpura.
— Vamos ver... o quanto você aguenta.
Com um gesto, as espadas dispararam em todas as direções. A Besta defendeu com braços de pedra, mas Rajime se moveu como um cometa, cortando o monstro com a Adaga do Vazio, rompendo a carne e a essência mágica ao mesmo tempo.
Mesmo assim, a Besta acertou um golpe no peito de Rajime, arremessando-o contra uma parede.
— Rajime!! — Mina correu até ele, ajoelhando-se. — Não se mexa, eu vou curar você agora!
Rajime cuspiu sangue, mas sorriu.
— Você... se preocupa demais.
— Cala a boca e fica quieto!
As mãos de Mina brilharam com aura dourada, selando feridas antes que o corpo dele desmoronasse. O calor da magia dela se espalhou por ele como um sopro de vida.
— Eu não deixo você morrer. Nunca. Entendeu?
— Você... é teimosa.
— E você é meu melhor amigo. Isso é o que importa.
Rajime se levantou com esforço, os olhos queimando como sóis.
— Hora de acabar com isso.
Ele ergueu a Adaga do Vazio. E, com um comando silencioso, absorveu toda a gravidade do ambiente em um ponto.
A Besta foi esmagada pelo próprio peso — implodindo como uma estrela morta.
Silêncio.
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Depois da luta.
— Você tá bem? — Mina perguntou, sentando ao lado dele nos degraus do altar.
Rajime olhou para a adaga em suas mãos, agora silenciosa.
— Isso foi... divertido. — disse ele, como se fosse uma confissão.
Mina olhou surpresa.
— Você sorriu.
— Hm.
Ela encostou a cabeça no ombro dele, suavemente.
— Sabe... eu acho que tô começando a entender. Por que você é assim.
— Frio? Calculista?
— Solitário.
Ele não respondeu. Mas não se afastou.
E naquela noite, Mina sonhou com o toque da gravidade... e com o calor do ombro dele.