A sala de aula estava silenciosa. O relógio marcava 14:32, e o professor falava sobre literatura clássica com sua voz monótona, incapaz de prender a atenção de Renji Kurogane, que apoiava o queixo na mão, olhando pela janela.
O céu cinzento parecia um reflexo de sua vida: previsível e sem nenhuma emoção. Tudo sempre igual, todos os dias. Ele não odiava sua existência, mas também não via graça alguma nela.
Seus colegas estavam espalhados pela sala, vivendo suas rotinas igualmente entediantes. Arisa Tachibana, a presidente do conselho estudantil, permanecia séria, absorvendo cada palavra do professor.
Toru Kanzaki, sentado à sua frente, mantinha uma postura arrogante, fingindo estar entediado, mas claramente se considerando superior.
Já Yui Aoyama, a garota mais popular da classe, sorria para as amigas, embora seu olhar distraído sugerisse que sua mente estava em outro lugar.
Foi então que tudo mudou.
Uma luz azul intensa explodiu no meio da sala, engolindo tudo em um clarão. O calor tomou conta do ambiente, e em seguida, uma força avassaladora puxou Renji para o alto.
O chão desapareceu.
Ele sentiu seu corpo sendo lançado ao vazio, sem controle, sem apoio. Gritos ecoaram ao seu redor, vindos de todos os lados. O ar gelado cortava sua pele enquanto caía no nada absoluto.
[Bem-vindos ao Vale dos Paraísos Sem Fim.]
Uma voz fria e mecânica reverberou em sua mente, indiferente ao pânico que o consumia.
[O Primeiro Julgamento Está Prestes a Começar…]
[Sobrevivam. Evoluam. Ou pereçam.]
○
Renji despertou sentindo o frio do chão de pedra áspero penetrar sua pele. Um cheiro pesado de mofo e sangue seco preenchia o ar, enquanto o ambiente era iluminado por tochas espaçadas entre as paredes.
Aquele lugar não parecia natural.
Ele então se ergueu lentamente, tentando organizar seus pensamentos. Foi quando percebeu que não estava sozinho.
Ao seu redor, Arisa, Toru e Yui também estavam acordados.
A presidente foi a primeira a se colocar de pé, seus olhos varriam o local, como se buscassem por uma resposta para aquela situação. Já Toru resmungava, sacudindo a poeira de seu uniforme. Enquanto Yui abraçava os próprios braços, tentando processar o que havia acabado de acontecer.
Nenhum deles parecia ter respostas, apenas a mesma confusão estampada no rosto.
"Onde... estamos?" A voz de Yui saiu hesitante.
"Isso não é um sonho..." Arisa murmurou, cerrando os punhos. "Fomos... teleportados?"
[Caminho do Herói Ativado.]
A notificação brilhou diante dos olhos de Renji. Ele piscou, confuso. Uma tela azul flutuava no ar, repleta de informações incompreensíveis.
[Calculando Status Inicial...]
Antes que pudesse refletir sobre o significado daquelas palavras, um som seco ecoou pelo salão.
Grrr. Raww.
Algo grunhiu na escuridão.
Renji sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ele virou-se devagar, com os olhos cravados nas sombras mais profundas da câmara.
Então, ele viu.
Vários olhos brilhavam como brasas em meio a escuridão, dentes pontiagudos projetavam-se para frente, seguidos de uma pele esverdeada.
Goblins.
Eles eram pequenos e deformados, suas roupas pareciam trapos sujos e em suas mãos seguravam adagas enferrujadas. Tinham olhares famintos, como predadores prestes a atacar uma presa indefesa.
Toru recuou um passo, pálido. "Isso só pode ser uma piada..."
"Monstros…!" Arisa murmurou, estreitando os olhos.
Em meio às criaturas de pele esverdeada, um goblin roubou a atenção dos estudantes.
Uma cicatriz marcava um de seus olhos, dando-lhe uma aparência mais experiente.
Ele parecia ser o líder do grupo.
Com um sorriso torto, deu um passo à frente, soltando uma gargalhada que reverberou por toda a câmara de pedra.
Então, sem hesitar, avançou contra os colegiais.
[O Primeiro Julgamento foi Iniciado.]
A criatura saltava entre as pedras e destroços da câmara, visando evitar um ataque direto. Renji, que estava mais adiante de seu grupo, seria o primeiro alvo daquele monstro, então levantou seus punhos para se proteger daquela aberração.
Foi tudo em vão.
O colegial não era acostumado com batalhas, muito menos tinha a capacidade de se defender de uma criatura rápida como aquela.
O goblin então passou pela sua postura de combate e cravou a lâmina enferrujada na garganta de Renji. Derrubando-o ao chão.
O pequeno monstro, aproveitando-se dessa abertura, pegou uma pedra próxima e passou a golpear o rosto do colegial.
De novo, de novo e de novo.
Repetindo até deixar a sua face em um estado irreconhecível.
Ao finalizar, a criatura puxou sua adaga do cadáver, e lambeu a ponta da lâmina.
Sentido o gosto do sangue de Renji, que agora… Jazia morto no chão.
"Que porra foi essa!?" Disse Toru, incrédulo no que havia acabado de presenciar.
"Ele… Tá morto mesmo!?" Arisa cerrou os punhos, pronta para lutar.
Gyahehehe! O goblin riu, olhando para as coxas e o busto das garotas.
Yui encarava o corpo falecido de Renji. "Eu… nem pude me desculpar com ele…"
A criatura então estufou seu peito e soltou um grito estridente, como um chamado de guerra.
Graaarrrr!
Os outros goblins que repousavam na escuridão da câmara, avançaram contra o grupo de colegiais. Visando cercar por todos os lados.