Cherreads

Chapter 3 - Capítulo 3 – Degrau Um: Provação

O chão se materializou sob seus pés como névoa sólida. Bryan olhou ao redor. Estava em uma sala de pedra viva — o teto girava lentamente como o céu de um pesadelo. O ar era pesado, úmido, saturado de algo antigo. Magia primitiva.

Ele fechou os olhos por um segundo. Sentia tudo. A pedra sob as botas. A vibração nos dedos. A respiração irregular de algo escondido à sua esquerda.

Logo em seguida ele abriu sua janela de status e verificou as seguintes informações:

========< JANELA DE STATUS >========

Nome: Bryan Blake

Idade: Desconhecida (reencarnado)

Altura: 1,90 m 

Raça: Asura (Lendária) 

Classe: Assassino 

Título: O Renascido do Vazio 

Talento: Rank SSS (Potencial Evolutivo) 

Nível: 1 {0 / 100 EXP} 

======< ATRIBUTOS >======

VIT (Vitalidade): 12 

FOR (Força): 12 

INT (Inteligência): 9 

AGI (Agilidade): 18 

PER (Percepção): 14 

AUR (Aura Demoníaca): 1 

FOME INFERNAL: 0% (estável)

Pontos de Distribuição: 0 

======< HABILIDADES >======

> Lâminas Silenciosas [Ativa – Rank F] 

Execução dupla com bônus de crítico contra alvos distraídos ou feridos. 

> Passo Sombrio [Ativa – Rank F] 

Teleporte curto para áreas escuras ou pontos cegos.

> Devorar Essência [Ativa – Rank E | Raça: Asura] 

Consome inimigos derrotados para restaurar HP/MP. 

40% de chance de absorver uma habilidade. 

> Golpe nas Sombras [Passiva – Classe] 

Executa automaticamente inimigos com menos de 10% de vida com ataque crítico. 

> Fome Infernal [Passiva – Raça: Asura] 

Necessário consumir alvos vivos a cada 48h. 

Caso contrário: -10% em todos os atributos e risco de insanidade.

======< EQUIPAMENTO >======

• Espadas Gêmeas de Ébano Vivo 

• Adagas de Obsidiana Ocultas 

• Manto Assassino da Torre 

• Coldres Integrados / Botas Silenciosas

========================================

Bryan fechou a janela com um estalo seco, quase reverente. O brilho púrpura que serpenteava além do vidro se desfez no instante seguinte, como se tivesse sido sugado de volta para algum abismo maior. Restou apenas o silêncio. Um silêncio úmido, denso, opressor — não natural, mas construído, projetado. Como se a própria sala estivesse observando-o de volta.

Ele respirou fundo, tentando conter a urgência que se insinuava por trás do esterno. Não era medo. Não ainda. Era algo mais primitivo, enterrado sob camadas de condicionamento: uma certeza sombria de que algo ali estava vivo. E à espreita.

Seus olhos percorreram lentamente o ambiente, absorvendo cada rachadura no concreto, cada sombra que dançava nas frestas entre os pilares. Havia poeira no ar — partículas suspensas, preguiçosas, reveladas pela luz residual que se infiltrava por baixo da porta. Aquilo não era só uma sala. Era uma arena. E ele era o intruso.

Havia algo escondido ali dentro.

Algo antigo.

Algo que sentia o cheiro de sua alma.

Bryan deslizou a mão até o cabo da espada, não como gesto de defesa, mas de reconhecimento. O metal era familiar, quase cálido sob seus dedos, como uma extensão de si mesmo. Ele não empunhava por precaução — empunhava por instinto. Como um lobo que roça os dentes ao sentir o cheiro do sangue do primeiro desafiante.

Então o som veio. Fraco. Quase tímido.

Um arranhar seco, como garras infantis deslizando contra pedra. E, do canto mais profundo da sala, lá onde a luz não ousava tocar, algo começou a se mover. Engatinhar. Rasgar o silêncio com sua existência grotesca.

A criatura que emergiu era pequena, mas deformada — um goblin, ou algo que um dia fora um. Tinha olhos grandes demais para o crânio afundado, esbugalhados, pulsando como frutos podres. A pele era fina, esticada sobre os ossos como musgo envelhecido. O pescoço se movia em espasmos. A mandíbula cerrava com um som de pedra triturando pedra.

Ele observava Bryan com fome. Mas também com medo.

Bryan não se moveu. Nem um músculo. Ele desapareceu na sombra de uma pilastra como se fosse engolido por ela. A respiração desacelerou. O pulso silenciou. E, quando o goblin avançou com um grito infantil, a escuridão respondeu.

Bryan surgiu ao lado da criatura em um único movimento. Um sussurro cortante. A lâmina atravessou o pescoço como se atravessasse água. Um estalo. Um jorro escuro. O corpo colapsou, sem resistência, como uma marionete com os fios cortados.

Algo tilintou, não no ar, mas dentro de sua mente. Um leve calor na base do crânio.

[10 XP obtidos]

Mas ele sabia — isso não era tudo.

O silêncio nunca dura.

Do teto, das paredes, do próprio chão, outros sons começaram a brotar. Primeiro passos. Depois grunhidos. Um sussurro de dentes. Pupilas rubras se acenderam nas sombras, uma a uma, como brasas encharcadas. Mais goblins. Dois. Três. Seis. Uma dúzia. Uma pequena horda. Famintos. Instáveis. Unidos apenas por um instinto coletivo e doentio.

Bryan franziu os lábios. Nenhum medo. Apenas cálculo.

"Vieram em grupo. Ótimo."

O primeiro a se aproximar perdeu o ombro num golpe rápido. O segundo caiu de joelhos antes de perceber que tinha sido atingido. Bryan se movia como uma falha no espaço. Surgia, perfurava, sumia. O sangue começou a pintar o chão em padrões orgânicos e aleatórios, como uma arte esquecida.

Adagas voavam de suas mãos com precisão de máquina. Uma na garganta. Outra num olho. Um terceiro inimigo perdeu os dois tendões das pernas antes de entender que estava sendo atacado.

Alguém gritou — ou foi ele? Não havia tempo para distinguir.

Um goblin tentou atacá-lo de cima. Ele se curvou com um giro ágil, travou a lâmina do inimigo com sua adaga e fincou a espada no peito da criatura, enterrando-a até o cabo. Outro tentou agarrá-lo pelas costas. Ele sussurrou uma palavra mentalmente.

"Passo Sombrio."

O mundo girou. Ele ressurgiu atrás do inimigo, como se escorresse da sombra. A cabeça do goblin rolou antes do corpo cair.

[20 XP][5 XP]

Mais sangue. Mais corpos.

Quatorze. Quinze. Dezesseis.

Ele já nem contava. O corpo agia sozinho. Músculo e memória. Ele era movimento puro — a interrupção viva entre o início e o fim. Mais dois surgiram. Agrupados demais. Um único golpe diagonal os partiu, como trigo sob foice.

[10 XP][Nível 2 Alcançado – +5 Pontos de Distribuição]

Ele parou. O chão estava coberto de formas pequenas, contorcidas. O sangue escorria em fios espessos, preenchendo as rachaduras entre as pedras como se a própria torre estivesse sendo alimentada por eles.

Silêncio. Mas só por um instante.

Algo se mexeu.

Do fundo da sala, as pedras começaram a se rearranjar. Pilares giraram com sons de ossos sendo esmagados. Uma porta dupla, imensa, ergueu-se como um colosso. Tinha dez metros de altura. Inscrições cobriam sua superfície — símbolos que doíam nos olhos, como palavras que a própria realidade tentava esquecer.

No centro da porta, um olho esculpido se abriu.

E o fitou.

Bryan sentiu uma fisgada no estômago. Não de medo. Mas de reconhecimento.

"Aquilo está me analisando."

A porta se abriu.

O que havia do outro lado não era uma sala. Era um altar.

O teto desaparecia na escuridão infinita. Símbolos giravam pelas paredes como serpentes de luz rubra, lentos, inevitáveis. E, no centro, flutuando preso a correntes negras, estava ele — o Guardião.

NOME: Vor'Gath, o Guardião DegeneradoNível: 5Raça: Abominação DemoníacaTipo: Elite — Guardião do Degrau Um

A criatura abriu os olhos.

E rugiu.

Mas não foi som. Foi um impacto. Uma vibração que invadiu os ossos. Que remexeu memórias antigas. Como se algo que Bryan tinha esquecido começasse a gritar de novo.

O corpo da criatura era uma fusão de pesadelos. Goblin. Urso. Algo etéreo. Os olhos jorravam luz púrpura como feridas abertas no espaço. A presença esmagava. A mente tremia.

"Desista...""Sua carne será útil...""Sua alma será comida em silêncio..."

Bryan cravou as unhas na própria palma. A dor clareou a mente.

"Silêncio. Eu sou a lâmina."

Bryan ativou tudo o que tinha.

E correu.

A sala era um vórtice de trevas e pressão, uma câmara viva feita para esmagar os fracos antes que seus ossos tocassem o chão. O ar não era ar, mas um fluido denso, carregado de murmúrios inaudíveis e da eletricidade do antigo — como se a própria arquitetura tivesse fome. A cada passo que dava, Bryan sentia o manto negro colar-se ao corpo como pele adicional, suas placas de obsidiana emitindo leves estalos ao se ajustarem ao movimento. A sensação era... correta. Quase natural.

Vor'Gath rugiu. Não um som — um terremoto emocional. O grito não atingiu os ouvidos; atingiu memórias. A voz arranhava imagens antigas da mente de Bryan, como se revirasse caixas lacradas: Byron sorrindo com os olhos vazios, a lâmina entrando em seu peito, o gosto do sangue e a certeza de que morreria esquecido.

Mas ele não estava mais no mundo de Byron.

Ele não era mais Bryan que costumava ser.

O rugido ativou algo dentro dele. Uma parte da fome. Uma parte do pacto.

Sem hesitar, ele investiu contra o boss com uma aceleração antinatural, como se fosse puxado por fios invisíveis costurados no próprio espaço. A sala reagia à sua presença: as inscrições nas paredes tremeluziam em padrões erráticos, como se reconhecessem a natureza deformada do intruso. A cada passo, o som de estalos metálicos, como garras rasgando aço.

Vor'Gath ergueu o braço — uma muralha viva de carne e osso — e desceu com a fúria de uma guilhotina. Bryan girou sobre o próprio eixo, seu corpo dobrando como um rio em queda. O golpe passou a milímetros, o ar em seu rastro cortando o tecido do manto como navalha.

Ele deslizou por baixo da criatura, e em movimento contínuo, cravou uma das lâminas gêmeas na lateral do torso da abominação. O som foi oco. A resistência, absurda. Era como tentar perfurar pedra viva.

Nenhuma reação.

Nenhum grito.

A carne de Vor'Gath era insensível. Inimiga da lâmina comum.

"Não carne. Aço demoníaco."

Bryan recuou, saltando para a lateral. As garras do Boss varreram o ar, cortando parte da parede — pedras voaram como poeira cósmica. Ele jogou duas adagas em pleno voo, calculando a trajetória instintivamente. Reflexo puro. As lâminas giraram em arcos perfeitos.

Vor'Gath girou com agilidade impossível para algo daquele tamanho e interceptou uma com o antebraço. A outra acertou o flanco, mas ricocheteou com um som metálico.

A criatura grunhiu. Vapor púrpura escapou de suas narinas.

Bryan murmurou:

— Terei que abrir você por dentro...

Bryan então ativou uma de suas habilidades "Passo Sombrio."

O mundo escureceu. O espaço torceu-se como papel úmido. Bryan ressurgiu nas costas da criatura, quase sem som, as Lâminas Silenciosas ativadas — uma em cada mão, como pensamentos afiados.

Dois cortes profundos, cruzados em X.

A carne cedeu — por um instante.

Mas então veio a resposta. O braço de Vor'Gath disparou para trás como um aríete de ossos e músculos. Bryan viu o impacto antes de senti-lo.

CRACK.

Seu corpo foi arremessado como uma marionete sem cordas. Bateu contra a parede com um estalo seco, pedras se despedaçando sob o impacto. O ar explodiu de seus pulmões. Dor. Dor aguda, real. Palpável. Como se o pacto com Aldritch exigisse sentir cada fratura como prova de sua escolha.

— Tsc... rápido... demais... — arfou, cuspindo sangue escuro.

Vor'Gath vinha de novo. Não corria — deslizava, como se o próprio chão se rendesse sob seus pés. A sala oscilava em energia. Como uma respiração viva. Como se o Boss fosse o coração de algo maior, algo que só agora Bryan começava a perceber.

E mesmo assim... ele sorriu.

Um sorriso torto, sujo, pontuado de sangue.

"Essa sala tem ritmo. Uma dança. Eu só preciso aprender os passos."

Ele fingiu um tropeço. Uma fraqueza.

Vor'Gath avançou — previsível.

Bryan girou no último instante, colando o ombro ao chão, escorregando por baixo da criatura. Uma adaga foi fincada com precisão na articulação posterior da perna esquerda. O tendão estalou. Um gemido gutural vibrou pelas paredes.

A criatura caiu sobre um joelho.

O momento era agora.

Bryan pulou.

As lâminas cravaram-se nos ombros do Boss. As garras da criatura voaram na direção de seu corpo. Ele girou no ar, soltou-se, aterrissou de pé e disparou todas as adagas restantes — uma sequência milimétrica, cada uma mirada em pontos específicos: base do pescoço, junção das costelas, olho esquerdo, mandíbula.

Três adagas ficaram presas. Uma penetrou.

Vor'Gath cambaleou.

Tentou um último golpe.

Mas Bryan já estava dentro da guarda.

Com um rugido silencioso, sua espada foi enfiada direto na boca da criatura, atravessando língua, céu da boca, cérebro. Ele empurrou até sentir o cabo bater nos dentes.

Silêncio.

Vor'Gath paralisou.

Depois, caiu para frente como uma torre desabando.

[DING]Você derrotou: Vor'Gath — Guardião Degenerado+1000 XP obtidosNível Atual: 4 — (500 / 2000 XP)

O impacto da queda reverberou por toda a sala. Bryan cambaleou, os joelhos falhando. O suor pingava do queixo. O peito arfava como se sugasse brasas a cada inspiração.

Ele olhou em volta.

A escuridão estava mais quieta agora.

Mas não... vazia.

A torre o observava. Ainda faminta.

— Isso foi só o primeiro andar...? — murmurou, exausto. — ...Que merda de torre é essa?

Encostou-se à parede. Cada músculo tremia. O ombro latejava. O sangue que escorria da testa já parecia seco. Ele não estava só ferido — estava drenado. A batalha não havia sido só física. Era como se Vor'Gath tivesse tentado quebrar sua vontade, destruir o eco que ainda restava de sua identidade.

Ele olhou o próprio reflexo em uma poça de sangue.Não viu Bryan que costumava ser.Viu outra coisa.Algo nascido do vazio.Algo que agora tinha fome e um desejo Insaciável por sangue.

O silêncio era denso como pedra submersa. Nenhum som, nem mesmo o das gotas escorrendo do corpo colossal de Vor'Gath, ousava romper o sagrado momento pós-morte. Bryan permaneceu ajoelhado por mais um instante, o peito subindo e descendo de forma irregular, enquanto o suor escorria por entre os fios brancos do cabelo, colando-os ao rosto pálido.

Seu estômago doía. Não por cansaço. Não por ferimentos.

Por necessidade.

Algo mais profundo, algo enterrado no cerne do que ele havia se tornado. Uma fome que vibrava em sua espinha, como um segundo coração batendo em frequência errada. O ar ao redor oscilava, e um cheiro metálico mais doce do que o comum — o sangue do Boss — atiçava uma parte sua que nunca existira na vida anterior. Uma parte que o pacto com Aldritch desbloqueara como uma maldição inevitável.

A visão escureceu nas bordas.

O som diminuiu.

Tudo que restava era o corpo diante dele.

E o chamado.

Ele se arrastou até Vor'Gath como um animal instintivo, as mãos deslizando pelo manto encharcado. O Boss jazia imóvel, mas o calor ainda emanava dos ferimentos. O sangue púrpura formava poças ao redor do peito rasgado, com vapores etéreos que dançavam como espíritos recém-libertos.

Bryan não hesitou.

Ajoelhou-se diante da criatura, apoiou as mãos sobre o tronco bestial e abriu a boca.

No início, ele apenas lambeu o sangue — e sentiu o choque. Um jorro de energia percorreu seus nervos como um trovão líquido, fazendo seus olhos se revirarem brevemente. O sabor era algo entre ferro e essência. Como beber o próprio conceito de raiva.

Mas aquilo não bastava.

Não para sua raça.

Asura. Canibalismo espiritual. Fome eterna.

Ele cravou os dentes.

O músculo rasgou sob a mordida, quente, denso, com fibras que se desfaziam como cordas antigas. O sangue esguichou por entre os lábios, escorrendo pelo queixo, tingindo-o de vermelho púrpura. Bryan devorava como um profeta perdido em êxtase, os olhos agora brilhando intensamente — uma luz rubra e animalesca que parecia pulsar em sincronia com o coração morto de Vor'Gath.

Seus dedos agarraram as laterais do monstro. Ele arrancou um punhado de carne e engoliu sem mastigar, sentindo a energia atravessar sua garganta e se expandir por dentro como brasas.

A tela surgiu.Não diante de seus olhos.Dentro de sua mente.

========< JANELA DE STATUS – ATUALIZADA >========

Nome: Bryan BlakeTítulo: O Renascido do VazioRaça: Asura (Lendária)Classe: AssassinoNível: 4 {500 / 2000 EXP}

======< ATRIBUTOS >======VIT (Vitalidade): 15 ↑FOR (Força): 16 ↑INT (Inteligência): 10 ↑AGI (Agilidade): 19 ↑PER (Percepção): 15 ↑AUR (Aura Demoníaca): 4 ↑FOME INFERNAL: 22% (Ativa)

Pontos de Distribuição: +5

======< NOVA HABILIDADE OBTIDA >======> Rugido do Abismo [Ativa – Rank E]Emite um rugido de aura que atordoa inimigos próximos por 3 segundos. Causa terror mental em alvos mais fracos.

[DING!]Você absorveu a essência de [Vor'Gath — Guardião Degenerado]+300 XP+5 Pontos de Distribuição+1 Habilidade herdada+Atributos aumentados com sucesso

A voz do sistema parecia surgir diretamente do sangue em sua boca. Como um sussurro que apenas aqueles corrompidos pela Fome Infernal podiam ouvir.

O corpo de Bryan tremeu.

Mas ele não parou.

Arrancou outro pedaço de carne, mais profundo. A mandíbula do boss se rompera com o impacto da lâmina — ele cavou por ali, arrancando parte da glândula negra sob o crânio. Ao engolir, sentiu uma vertigem brutal. Seus olhos escureceram por um segundo. E então reacenderam.

Vermelhos. Intensos. Irradiando algo que não era humano.

Não era nem mesmo bestial.

Era... cruel. E profano.

A torre reagiu.

As paredes tremeram levemente. As inscrições brilharam em tons alternados. Como se algo tivesse sido liberado, um novo componente tivesse entrado no jogo.

Bryan recuou, arfando. Os dentes estavam tingidos. As mãos cobertas de sangue. Ele passou o antebraço pelos lábios, limpando parte da carniça, mas sem pressa. O gosto ainda persistia, e com ele... um conforto. Um preenchimento estranho. Uma saciedade parcial.

Mas a fome não cessava.

Apenas se reorganizava.

Como uma cobra em digestão.

Ele olhou para o teto sem fim. Sabia que outro desafio viria. O sangue dos andares seguintes era seu alimento, sua rota, sua penitência.

Não havia retorno. Nem redenção.

— Eu não sou o mesmo que morreu naquele escritório, Byron... — murmurou, para ninguém.

A voz saiu rouca, gutural, como se dividida entre múltiplas cordas vocais.

Ele se levantou.

Seus passos não eram mais de um homem.

Eram de algo que o mundo ainda não tinha nome para descrever atroz e cruel.

More Chapters