Cherreads

Chapter 4 - Volume 4

Parte 1 – O Peso do Novo Corpo

Ryan sentiu o metal frio contra sua pele.

A armadura era um peso novo, estranho – como se tivesse absorvido cada grama da sua dor e da sua raiva.Não era apenas um traje, mas uma extensão dele. 

A tela do visor piscava com leituras de diagnóstico. Aprimoramentos musculares ativados. Reflexos ampliados. Capacidade de impacto elevada. 

Mas a informação que mais importava era aquela que ele sentia na pele.

Ele estava mais forte. Mais rápido. Mais letal.

E Hipton descobriria isso antes do amanhecer. 

Parte 2 – A Primeira Caçada

Nas sombras de um prédio abandonado, Ryan observava a rua abaixo. Seus olhos – ou melhor, o visor da armadura – brilhavam num vermelho intenso, analisando cada detalhe da cena diante dele.

Ele não precisava procurar pelo crime. O crime vinha até ele.

No cruzamento, três homens encurralavam uma garota perto de um beco. Ela tentava recuar, mas a parede a impedia. Um dos agressores segurava uma faca.

O velho Ryan teria chamado reforços. Teria seguido o protocolo.

O novo Ryan apenas saltou.

O impacto do pouso fez o chão tremer. As luzes dos postes oscilaram. Os criminosos se viraram, pálidos.

— Mas que p…?!

Ryan se moveu antes que o primeiro homem terminasse a frase.

Ele não pensou. Apenas agiu.

O primeiro soco foi um terremoto. O homem voou como uma boneca de pano, atingindo a parede com força suficiente para rachar o concreto. Não se levantou.

Os outros dois tentaram atirar. Lentos.

A armadura analisou seus movimentos. Cálculo automático. Ryan desviou antes que os gatilhos fossem apertados.

Um chute. Um deles colidiu contra um carro estacionado, o vidro estilhaçando ao redor de seu corpo inerte.

O outro tentou correr.

Ryan o pegou pelo colarinho e o ergueu no ar. O visor vermelho refletia no rosto do homem, que tremia como uma folha.

— P-por favor…

O medo nos olhos dele era quase viciante.

Um simples aperto de mãos e Ryan poderia esmagar sua traqueia. Era isso que ele queria, não era? Que os criminosos finalmente temessem alguém?

Seus dedos se contraíram.

Não.

Ele o soltou. O homem caiu de joelhos e saiu tropeçando para longe.

A garota encarava Ryan sem saber se corria ou agradecia. No fim, apenas desapareceu na noite.

Ryan fechou os punhos.

A raiva dentro dele ainda queimava, implorando por mais.

Parte 3 – O Alerta da Armadura

A patrulha continuou.

Ryan não parava. Cada rua percorrida, cada criminoso neutralizado, era um passo a mais em sua nova guerra.

A cada golpe, a cada impacto, a raiva se tornava mais viciante. Mais fácil de deixar fluir.

Então veio a mensagem.

Um alerta brilhou no visor da armadura.

LOCALIZAÇÃO SUSPEITA: ANTIGA METALÚRGICA WESTWOOD

Ryan conhecia o lugar. Fora uma das muitas propriedades do império de Alberto Grotto. Agora, boatos diziam que Leprechaun operava dali.

Era sua chance. 

Ele partiu para lá.

Parte 4 – Metalúrgica Westwood

A metalúrgica abandonada era uma ruína enferrujada no coração da cidade. Janelas quebradas, estruturas corroídas, escuridão espreitando em cada canto. 

Ryan entrou sem hesitação.

Seus sensores captaram movimentos antes mesmo que seus olhos se ajustassem à penumbra. Ele não estava sozinho. 

— Bom, bom… olha só quem veio me visitar. 

Leprechaun estava ali, sorrindo como se recebesse um velho amigo.

O líder do crime trajava seu clássico terno verde escuro, os olhos brilhando com diversão. Atrás dele, capangas armados aguardavam como cães de guarda. 

— Qual é a sensação de estar de frente para o homem que matou Ethan McAllister?

Ryan cerrou os punhos. A raiva dentro dele fervia.

— Eu vou acabar com você. Você vai sentir na pele a mesma dor que ele sentiu quando o carro explodiu.

Leprechaun sorriu ao reconhecer a voz de Ryan dentro da armadura.

— Então, é isso que eles te deram? Um brinquedo novo? Aposto que deve fazer você se sentir… invencível.

Ryan não reagiu.

Leprechaun inclinou a cabeça. 

— Mas me diz… você ainda é Ryan Dawson aí dentro? 

Ryan esboçou um certo nervosismo ao perceber que o criminoso havia descoberto sua identidade.

— Aposto que já sentiu, não é? O quanto é fácil perder o controle. O quanto é tentador simplesmente esmagar qualquer um que entre no seu caminho.

Leprechaun estava provocando. Testando.

— Se você quer lutar, Leprechaun, não precisa de palavras.

— Ah, Dawson… Você ainda não percebeu? Eu já ganhei essa luta.

Ele estalou os dedos.

Os capangas abriram fogo.

Ryan reagiu antes que qualquer um deles pudesse atirar.

O mundo virou um borrão de impacto e destruição.

Ele avançou como uma onda vermelha, esmagando armas, quebrando ossos. O chão tremeu sob seus pés. Os gritos de dor eram abafados pelos alertas do traje.

Minutos depois do embate com os capangas, Ryan percebeu que Leprechaun havia fugido do local.

Seus punhos ainda tremiam.

A armadura ainda pulsava.

A raiva ainda estava ali. Viva. Quente. Exigindo mais.

E pela primeira vez, ele se perguntou…

Ele estava controlando a armadura?

Ou ela estava começando a controlá-lo?

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