Kael observava Ethan com um sorriso enigmático, como se fosse um predador avaliando sua presa. Seus olhos dourados refletiam a luz da marca do Elo de Ethan, uma conexão visível entre os dois que agora parecia mais um campo de batalha do que um vínculo.
Maerlyn estava tensa ao lado de Ethan, mas seu rosto estava pálido de compreensão. Ela não se atreveu a intervir, observando o poder silencioso que Kael emanava.
— O que você quer, Kael? — disse Ethan, sua voz firme, mas com um toque de desconfiança.
Kael se inclinou ligeiramente para frente, como se estivesse testando os limites da tensão entre eles.
— Eu sou o portador do Elo do Sangue, e não vim aqui para fazer perguntas. — sua voz tinha um tom gelado, como uma lâmina afiada. — Eu vim para testar você. Para saber se sua conexão com o Elo da Ligação é verdadeira, ou se você é apenas um peão numa guerra que nem entende.
Ethan sentiu a marca em seu peito pulsar com intensidade. O que Kael estava dizendo era claro: ele não estava aqui para negociar ou conversar. Era um desafio direto.
— Eu não sou um peão. — Ethan respondeu, a lâmina espiritual em sua mão agora brilhando com energia pulsante. — Mas você está certo sobre uma coisa. Não entendo completamente o que está acontecendo. Mas vou descobrir. E vou me manter de pé.
Kael deu uma risada suave, mas cheia de desdém.
— Não basta apenas ficar de pé. O Elo do Sangue não é algo que se "descobre". Ele é algo que se aceita ou se quebra. O sangue é o vínculo mais forte que existe — a força que nos une, que nos define, que nos separa.
Ele estendeu a mão e, como se tivesse dado um comando, a marca em seu peito brilhou com uma intensidade assustadora. De dentro de seu corpo, algo começou a fluir — uma energia vermelha, líquida como o próprio sangue, começou a transbordar de sua pele, serpenteando até as pontas de seus dedos, criando uma aura visceral e ameaçadora.
Ethan recuou ligeiramente, sentindo a pressão da energia. Era como se a própria atmosfera estivesse sendo drenada pela força da habilidade de Kael.
— O sangue é um elo muito mais profundo do que você imagina, Ethan. — Kael disse, com uma risada baixa, quase satisfatória. — Mas o que você carrega não é apenas um poder. É uma sentença. Um desafio para o mundo, um convite à destruição ou à criação. E o meu Elo… o Elo do Sangue, é o juiz. O que você vai escolher, ligador? Morrer? Ou evoluir?
Com um movimento rápido, Kael fez um gesto com a mão, e o sangue ao seu redor se expandiu como uma onda, batendo contra a barreira prateada que os protegia. A barreira vibrou, como se estivesse prestes a ceder. Ethan, então, sabia que este não era um confronto físico simples. Não era uma luta apenas de poder.
Era uma batalha de essência.
Ele olhou para Maerlyn, que parecia imóvel, mas seus olhos estavam atentos, vigilantes. Ethan sentiu uma conexão com ela, como se ela estivesse esperando por algo dele — uma resposta, uma reação que pudesse vir a mudar o rumo de tudo.
Ele então sentiu sua própria marca reagir. O Elo da Ligação estava chamando, não de forma agressiva, mas como se estivesse... esperando.
A energia ao seu redor começou a se condensar, formando uma onda invisível que envolveu seu corpo, como se estivesse se tornando parte do próprio Refúgio. Ele sentiu o espaço ao seu redor se distorcer, a realidade se contorcendo em algo mais profundo.
Ethan não estava mais apenas lutando. Ele estava se conectando com o mundo de uma forma nova.
— Você quer me testar, Kael? — ele disse com voz firme. — Eu não sou mais o mesmo homem. Não sou mais uma simples alma que vaga entre mundos. Eu sou o Elo da Ligação. E você está me desafiando em um terreno onde não entende as regras.
O brilho da sua marca intensificou, a pressão em sua pele aumentando. O poder estava crescendo, como se os fios do destino começassem a se entrelaçar ao seu redor.
Kael observou, agora mais cauteloso. Ele tinha subestimado a força de Ethan. Não se tratava de pura violência. Não se tratava apenas de poder. Era algo muito mais profundo.
Ethan estendeu a mão para frente, e, com um gesto, a energia que envolvia sua marca se expandiu, envolvendo Kael em uma aura de luz intensa e cálida. Mas não era uma luz qualquer. Era uma luz que se ligava, que se conectava com tudo ao seu redor, trazendo à tona os fios de ligação que Kael tentava ignorar.
— Eu não vou lutar contra você, Kael. — disse Ethan, sua voz firme. — Eu vou te conectar ao que você não pode ver. E você vai entender que os Elos não são feitos para serem dominados. Eles são feitos para serem respeitados.
O sangue que envolvia Kael começou a se contorcer, como se resistisse à energia que Ethan estava emanando. Ele gritou, mas não era uma dor física — era a dor da resistência, a luta contra a força invisível de ligação que agora o envolvia.
Ethan estava quebrando as barreiras invisíveis entre os Elos. Ele estava forçando Kael a enfrentar o que ele temia mais: a conexão.
De repente, Kael parou de resistir, sua energia estagnando. Ele olhou diretamente para Ethan, seus olhos agora cheios de surpresa e, talvez, até de respeito.
— Você... não era o que eu esperava. — disse Kael, a energia que o envolvia agora se dissipando lentamente.
Ethan abaixou sua mão e, com isso, a luz se afastou. O campo de tensão se desfez.
— A escolha não é minha, Kael. A escolha é de quem tem coragem de viver com o que carrega. — disse Ethan. — Agora, você precisa decidir se vai caminhar ao meu lado... ou continuar sendo escravo do seu próprio Elo.
Kael ficou em silêncio por um momento, seus olhos ainda fixos na marca de Ethan. O sangue ao seu redor agora parecia mais calmo, como se a batalha interna tivesse sido interrompida.
Maerlyn se aproximou, colocando uma mão no ombro de Ethan, e disse:
— A batalha ainda não acabou. Mas você fez algo que eu não esperava, Ethan. Talvez tenha tocado o que Kael não queria ver.
Kael olhou para Maerlyn, e, com um sorriso amargo, disse:
— Eu não escolho aliados tão facilmente. Mas... este não é o fim.
Ele deu um passo para trás, desaparecendo na névoa prateada, sua presença se desvanecendo como uma sombra.
Ethan permaneceu onde estava, os ecos de suas palavras ressoando em sua mente. A batalha contra Kael não era apenas uma luta física. Era um desafio sobre a essência do que ele carregava.
E ainda havia muito mais por vir.