O som de passos ecoava pelas cavernas subterrâneas enquanto Tang San, Elyss e Aeterna seguiam em direção ao desconhecido. O ar estava mais pesado, denso, como se algo fosse engolir tudo ao redor. O ambiente parecia uma extensão da própria realidade, onde cada movimento fazia a sensação de que o tempo estava se dobrando, como se o próprio espaço ao redor estivesse sendo moldado pela presença deles.
Enquanto caminhavam, Tang San sentia uma pressão crescente. Cada passo parecia o levar mais fundo em um abismo, não apenas físico, mas também emocional e mental. Ele sentia a responsabilidade aumentando, o peso das visões que tivera durante o contato com a esfera ainda pesando sobre sua mente. O futuro que ele vira não era algo simples de ignorar, e a batalha que enfrentaria, ou talvez já estivesse enfrentando, parecia muito maior do que ele imaginava.
Aeterna estava à frente, seu olhar fixo em um ponto distante. Ela não parecia ser afetada pela pressão, mas Tang San sabia que ela guardava mais segredos do que qualquer um ali. Ela havia mencionado que o Labirinto das Almas oferecia a verdade, mas ele ainda não sabia até que ponto ele mesmo estava preparado para enfrentá-la.
Elyss, por outro lado, estava mais atenta do que nunca, sua expressão era de quem sabia que algo estava prestes a acontecer. Ela também sentia o peso da responsabilidade, mas parecia confiar plenamente em sua intuição e nas habilidades do grupo.
— Estamos quase lá — disse Aeterna, sua voz quebrando o silêncio que se havia instalado. — O verdadeiro desafio está à frente, e apenas aqueles que conseguirem compreender a verdade do que viram poderão seguir adiante.
Tang San assentiu, embora as palavras de Aeterna ainda estivessem incompletas em sua mente. Ele sabia que o próximo passo seria definitivo. Não poderia voltar atrás. Já não havia mais tempo para hesitar. O futuro estava sendo moldado pelaqueles que estavam dispostos a enfrentar as adversidades, e ele não poderia se permitir falhar.
A caverna se abriu em uma grande sala, iluminada por uma luz que parecia vir de dentro das próprias pedras. No centro da sala, uma figura estava de pé, aparentemente esperando por eles. Era uma presença poderosa, e Tang San não pôde deixar de sentir uma onda de reverência misturada com cautela.
Era um homem alto, com cabelos longos e prateados, e seus olhos pareciam refletir as estrelas que estavam presentes no céu distante. Sua aura era intensa, como se ele fosse parte do próprio Labirinto das Almas. Quando ele falou, sua voz ressoou como um eco profundo, como se estivesse falando não apenas com eles, mas com o próprio espaço.
— Eu sou o Guardião das Estrelas — disse o homem, sua voz suave, mas cheia de autoridade. — E vocês chegaram até aqui porque têm algo que eu preciso. Algo que irá decidir o futuro de todas as realidades.
Tang San não hesitou. Ele já havia enfrentado desafios imensos e sabia que a resposta estava em suas ações. Ele deu um passo à frente, olhando fixamente para o Guardião.
— O que você quer de nós? — perguntou ele, a tensão crescendo em sua voz.
O Guardião dos Olhos Estelares observou-o calmamente.
— Não é o que eu quero, jovem. É o que você é capaz de oferecer. Vocês três chegaram aqui não por acaso. Cada um de vocês carrega um poder que transcende os limites desta realidade. Mas a verdadeira questão é: vocês sabem usar esse poder?
Tang San sentiu o peso das palavras. Ele já havia compreendido que o que estava diante deles não era apenas uma questão de força, mas de compreensão profunda de si mesmos. O Guardião estava testando-os, não apenas em habilidades de combate, mas em sabedoria, em decisões morais, e na aceitação de seu verdadeiro eu.
Elyss avançou, seus olhos fixos no Guardião.
— O que você está dizendo é que temos algo dentro de nós que não entendemos completamente? — ela perguntou, a confiança em sua voz transparecendo. — Algo que nos foi dado, mas que nunca soubemos usar?
O Guardião sorriu enigmaticamente, como se já soubesse a resposta antes de ela ser feita.
— Sim, você tem razão. Cada um de vocês tem dentro de si um poder desconhecido, mas está profundamente ligado ao seu próprio destino. A verdadeira questão é: vocês estão prontos para liberar isso e enfrentar o preço que virá com esse poder?
Tang San franziu a testa, sentindo que a pressão do momento aumentava. Ele sabia que essa resposta não poderia ser tomada de forma leviana. O poder que ele possuía, e que talvez ainda não tivesse total consciência, poderia ser tanto uma bênção quanto uma maldição.
— O que é esse preço? — perguntou ele, a dúvida ainda visível em seus olhos.
O Guardião olhou para ele com uma expressão grave.
— O preço é sempre alto. O poder nunca é dado sem custo. E o custo não é apenas físico, mas também espiritual. O que você está prestes a liberar pode alterar o curso de sua própria alma. Você está pronto para pagar esse preço?
A pergunta pairou no ar, como uma espada prestes a cortar o que restava da resistência de Tang San. Ele fechou os olhos por um momento, pensando nas visões que tivera, na batalha que estava por vir e nas escolhas que ainda teria que fazer. Ele não tinha todas as respostas, mas sabia que, se não enfrentasse essa verdade agora, talvez fosse tarde demais no futuro.
Elyss e Aeterna estavam ao seu lado, cada uma com seu próprio fardo, mas também com a mesma determinação. Eles sabiam que, independentemente do preço, não poderiam parar agora.
Tang San olhou para o Guardião e falou, sua voz firme, sem hesitação.
— Estamos prontos. Mostre-nos o caminho.
O Guardião assentiu lentamente.
— Então, preparem-se para o despertar do poder. O que está por vir será mais difícil do que tudo o que enfrentaram até agora. Mas lembrem-se: o verdadeiro poder não vem de ser mais forte. Ele vem de ser mais sábio, mais unido com o que realmente são.
Com um gesto, o Guardião ergueu as mãos, e uma energia indescritível começou a preencher a sala. Uma onda de poder imensurável os envolveu, e Tang San sentiu como se estivesse sendo levado a uma nova realidade, onde nada mais fazia sentido a não ser a pura essência da existência.
— Que o despertar comece. — A voz do Guardião foi a última coisa que ouviram antes de a sala se desintegrar ao seu redor, e o verdadeiro teste começasse.