O som do vento cortando a imensidão silenciosa ecoava como um lamento distante. Tang San, Elyss e Aeterna estavam agora em um plano diferente, uma dimensão que parecia um limbo entre mundos, onde a realidade se distorcia como se fosse uma tela pintada por mãos invisíveis. O ar estava carregado de uma energia que pulsava com cada batimento do coração, e as sombras ao redor deles dançavam de maneira inquietante, como se estivessem vivas.
A sensação de desorientação era avassaladora. Tang San, apesar de sua experiência em situações extremas, sentia um vazio crescente dentro de si. Ele sabia que algo muito além de sua compreensão estava acontecendo. Não era mais uma simples batalha, ou uma disputa por poder. O que ele enfrentava agora era algo que tocava a essência do próprio ser.
Elyss parecia igualmente perturbada, seus olhos brilhando com uma intensidade que denunciava seu esforço em tentar compreender a situação. Aeterna, no entanto, estava quieta, imersa em pensamentos, como se já tivesse sido tocada por algo mais profundo, algo que ela sabia, mas não compartilhava.
— Onde estamos? — perguntou Elyss, sua voz ecoando, mas sem resposta imediata.
O vazio à sua volta parecia engolir qualquer som que fosse feito, como se o próprio espaço estivesse reprimindo qualquer tentativa de comunicação. Apenas a energia invisível ao redor deles parecia ter consciência do que acontecia, pulsando com uma intensidade crescente.
Tang San olhou ao redor, tentando encontrar algum sinal, algo que os guiasse. O que ele sentia não era apenas um teste físico, como o Labirinto das Almas havia sugerido, mas uma prova que ultrapassava as barreiras do entendimento humano. Ele sentia, dentro de si, uma tensão crescente. Algo dentro dele estava se expandindo, como se o próprio espaço estivesse sendo comprimido e ele fosse forçado a se adaptar.
— O Guardião nos disse que o poder que possuímos está ligado ao nosso destino — murmurou Tang San, mais para si mesmo do que para os outros. — Mas qual é esse poder? O que realmente estamos prestes a despertar?
Aeterna olhou para ele com seus olhos vazios de emoções, como se estivesse refletindo profundamente sobre a pergunta.
— O poder que você carrega não é apenas físico, Tang San. É algo que transcende o corpo e a mente. Ele está intrinsecamente ligado ao que você é, ao que você pode ser. Este teste não é apenas sobre sua força, mas sobre quem você está destinado a se tornar.
Elyss franziu a testa, um tanto desconcertada com as palavras de Aeterna.
— Mas como saberemos o que fazer com isso? O que realmente estamos enfrentando aqui? O Guardião falou de um preço, de um custo. Mas quem determina esse preço?
Aeterna não respondeu imediatamente. Ela parecia absorta em seus próprios pensamentos, como se estivesse tentando decifrar uma enigma oculto. O silêncio entre eles era pesado, quebrado apenas pelo som pulsante da energia que os cercava.
Então, uma luz suave começou a brilhar no horizonte, longe o suficiente para parecer quase um reflexo da realidade. A luz era tão pura que parecia se estender por todo o plano, como se estivesse se infiltrando nas próprias fibras do espaço.
Tang San sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A luz, em sua perfeição, parecia convidá-los a avançar, mas, ao mesmo tempo, transmitia uma sensação de perigo iminente. Ele sabia que a verdadeira prova estava prestes a começar.
— Vamos — disse ele, a determinação em sua voz mais forte do que nunca. — Não podemos hesitar. O Guardião disse que o verdadeiro poder está dentro de nós, e é isso que devemos despertar. O futuro depende disso.
Elyss olhou para ele, um leve sorriso surgindo em seu rosto, como se compartilhasse sua confiança, apesar do medo que também se escondia em seus olhos.
— Você tem razão. Não há como voltar atrás.
Com uma troca silenciosa de olhares, o trio começou a caminhar em direção à luz. Cada passo que davam parecia os aproximar de uma verdade indescritível, uma verdade que poderia mudar tudo o que sabiam sobre si mesmos, sobre o mundo e sobre o próprio destino.
À medida que se aproximavam, o som da energia em torno deles se intensificava. Era uma frequência vibrante, como se a própria realidade estivesse sendo distorcida, moldada por suas presenças. Tang San sentia a pressão aumentando à medida que a luz se tornava mais intensa. Seus músculos estavam tensos, sua mente turvada com questionamentos, mas, ao mesmo tempo, havia uma sensação de familiaridade. Como se ele tivesse sido conduzido até ali, como se ele já soubesse o que estava por vir.
Eles chegaram à luz, e de repente, o mundo ao seu redor se desfez. A sensação de distorção foi imediata, como se o espaço ao seu redor estivesse se desintegrando. Em um piscar de olhos, eles foram transportados para uma nova cena, um cenário que não parecia ter fim.
À sua frente, uma figura apareceu, imponente e silenciosa, como uma sombra que tomava forma. Era difícil distinguir suas características, mas uma coisa era clara: essa presença era a fonte de tudo o que estavam prestes a enfrentar.
— O despertar começa agora — disse a figura, sua voz ressoando como um eco distante.
Tang San sentiu a energia pulsando ao redor dele, seu corpo reagindo instintivamente. Ele sabia que o momento que havia temido estava ali. O poder que estava prestes a liberar, o poder que havia sido selado dentro dele, estava prestes a ser colocado à prova. Mas a verdadeira questão era: até onde ele estaria disposto a ir para dominar esse poder e enfrentar o destino que se aproximava?
— O preço... o preço está à vista — sussurrou Aeterna, seus olhos fixos na figura sombria. — O que somos realmente? E até onde vamos para controlar isso?
O que estava à frente deles era a chave para tudo. A verdadeira pergunta era: poderiam eles suportar o que viria depois do despertar?